Quinta-feira , Agosto 7 2025

Por que o povo judeu já não é o povo de Deus, mas sim a Igreja Católica

(Uma jornada de promessa, plenitude e graça eterna)

Caríssimo buscador da Verdade,

No coração da história humana pulsa uma pergunta profunda, um mistério divino que atravessa os séculos: Quem é hoje o povo de Deus? A resposta, iluminada pela Cruz e pelo Espírito Santo, revela uma história de amor tão antiga quanto Abraão e tão nova quanto Pentecostes. Acompanhe-me nesta jornada de fé, onde a teologia se torna vida e a história sagrada se revela no seu presente.


I. A promessa original: um povo eleito

Na Sua insondável misericórdia, Deus escolheu Abraão: “Por tua descendência serão benditas todas as nações da terra” (Gênesis 22:18). Israel foi constituído como Seu “reino de sacerdotes e nação santa” (Êxodo 19:6). Receberam a Lei, os Profetas, uma aliança selada no sangue de animais e a promessa messiânica. Foram, sem dúvida, os guardiões da Revelação, a oliveira plantada pelo próprio Deus (Romanos 11:17-24).


II. A vinda do Messias: a hora da plenitude

Jesus Cristo, Filho de Deus e Filho de Davi, veio “somente às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 15:24). Ele é o cumprimento de todas as promessas, a Lei feita carne (João 1:14). Contudo, Sua mensagem de salvação universal e Sua revelação como Filho divino (não apenas mais um profeta) confrontou muitos líderes judeus. A rejeição culminou na Cruz, mas essa mesma rejeição tornou-se fonte de redenção para todos.

São Paulo, fariseu convertido, explica com clareza divina:

“Não é judeu quem o é exteriormente… mas é judeu quem o é interiormente, com a circuncisão do coração, pelo Espírito, não pela letra” (Romanos 2:28-29).
“Não há judeu nem grego… porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:28-29).


III. A Nova e Eterna Aliança: nascimento da Igreja

Na Última Ceia, Jesus instituiu a Nova Aliança em Seu Sangue (Lucas 22:20). Esta Aliança não anulou a promessa a Abraão, mas a levou à plenitude, abrindo-a a todas as nações. A Ressurreição confirmou Sua divindade. Pentecostes marcou o nascimento público da Igreja Católica – o novo “Israel de Deus” (Gálatas 6:16).

  • A Igreja é o novo Israel: Não por substituição violenta, mas por continuidade transformada. É a oliveira cultivada na qual são enxertados os ramos selvagens (os gentios), enquanto alguns ramos originais (parte do Israel histórico) foram cortados “por causa da incredulidade” (Romanos 11:17-24), embora a porta para seu retorno permaneça aberta.
  • A Igreja é o Corpo de Cristo (1 Coríntios 12:12-27): Já não é uma nação étnica ou territorial, mas um Povo Sacramental, universal (“católico”), unido pelo Batismo, alimentado pela Eucaristia, guiado pelo Espírito Santo e pelo Magistério do Papa e dos Bispos.
  • A Igreja é a Esposa de Cristo (Efésios 5:25-27): A relação de Deus com Seu povo atinge sua máxima intimidade na união esponsal entre Cristo e Sua Igreja.

IV. Relevância teológica atual: um mistério de misericórdia e missão

  • Contra o nacionalismo religioso: A eleição divina já não depende do sangue ou da terra, mas da fé em Cristo e da incorporação ao Seu Corpo. É o antídoto contra todo exclusivismo étnico ou religioso.
  • Universalidade da salvação: A Igreja é o “sacramento universal da salvação” (Lumen Gentium 14-16). Sua missão é levar todos os povos ao encontro com Cristo, o único Salvador.
  • Diálogo e respeito: A Igreja venera as Escrituras hebraicas (nosso Antigo Testamento) e reconhece um vínculo único com o povo judeu – “irmãos mais velhos na fé” (São João Paulo II). Rejeita todo antissemitismo, mas proclama com amor que a plenitude da Revelação está em Cristo e Sua Igreja.

V. GUIA PRÁTICO: VIVER COMO O VERDADEIRO POVO DE DEUS

Esta verdade não é apenas história ou teologia abstrata. É identidade e missão. Como aplicá-la hoje?

  1. Aprofunde sua identidade sacramental:
    • Viva os Sacramentos: Seu Batismo o fez membro do povo de Deus. A Confissão restaura esta aliança. A Eucaristia é o maná do novo Êxodo. Viva-os com plena consciência!
    • Estude as Escrituras: Leia o Antigo Testamento vendo seus tipos e figuras cumpridos em Cristo e na Igreja (ex: Êxodo = Batismo; Maná = Eucaristia; Davi = Cristo Rei).
  2. Abrace a universalidade católica:
    • Supere preconceitos: Na Igreja não há “estrangeiros”. Acolha com caridade quem é diferente em cultura, raça ou origem.
    • Seja missionário: Leve a Boa Nova com respeito e convicção. A salvação em Cristo é o maior dom que o povo de Deus pode oferecer ao mundo.
  3. Honre as raízes e ore por Israel:
    • Valorize o Antigo Testamento: É sua história espiritual. Medite os Salmos, os Profetas. Compreenda o contexto de Jesus.
    • Ore pela conversão do povo judeu: Como ensinou São Paulo, sua entrada plena será “vida dentre os mortos” (Romanos 11:15). Ore com esperança por este mistério.
  4. Viva a caridade como nova Lei:
    • Ame como Cristo: A Lei antiga culmina no Mandamento Novo (João 13:34). Seu amor concreto ao próximo, especialmente ao sofredor, é o selo do verdadeiro povo de Deus (Mateus 25:31-46).
  5. Permaneça unido ao Magistério:
    • Ame e obedeça à Igreja: Ela é “coluna e sustentáculo da verdade” (1 Timóteo 3:15). No Papa e nos Bispos em comunhão com ele, Cristo guia Seu povo. Estude o Catecismo, siga os ensinamentos com fiel alegria.

Conclusão: Um povo peregrino rumo à Jerusalém celeste

Caríssimo, o povo judeu histórico conserva um lugar único no plano de Deus, como portadores da primeira promessa. Mas a plenitude da Aliança – a entrada definitiva na Família divina como filhos no Filho – realiza-se somente em Jesus Cristo e Sua Igreja Católica. Somos o povo da Nova Aliança, peregrinos para a pátria definitiva: a Jerusalém celeste (Apocalipse 21).

Não viva esta identidade com orgulho farisaico, mas com profunda humildade e gratidão. Fomos “enxertados” por pura graça. Nossa resposta deve ser uma vida santa, uma caridade ardente e uma missão incansável. Você é parte do povo eleito por excelência, a Esposa de Cristo. Viva com a dignidade e o amor que esta vocação exige!

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Vós, outrora não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; vós, outrora não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1 Pedro 2:9-10).

Que esta verdade inunde seu coração e transforme cada passo de seu caminho. Avante, amado membro do povo de Deus!

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Pater noster, qui es in cælis: sanc­ti­ficétur nomen tuum; advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum cotidiánum da nobis hódie; et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne nos indúcas in ten­ta­tiónem; sed líbera nos a malo. Amen.

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