A história dos Reis Magos é um dos elementos mais fascinantes do relato evangélico e da tradição cristã. Todos os anos, sua chegada ao presépio durante a festa da Epifania nos recorda a universalidade da salvação em Cristo. Mas qual é a origem dos nomes Melquior, Gaspar e Baltazar? Quando e onde apareceram pela primeira vez? Este artigo explora a rica história desses misteriosos sábios vindos do Oriente, ligando seu desenvolvimento à tradição cristã e ao seu simbolismo espiritual.
Os Magos no Evangelho de Mateus
O Evangelho de Mateus (2,1-12) é a única fonte bíblica que menciona os Magos, e o faz de forma breve. Mateus relata como “uns Magos vieram do Oriente” a Jerusalém, guiados por uma estrela, buscando o “rei dos judeus que nasceu”. No entanto, o texto não especifica quantos eram, seus nomes ou se eram reis. Apenas os presentes que ofereceram — ouro, incenso e mirra — são mencionados.
A tradição posterior associou o número três a esses presentes, e o termo Magos (do grego magoi) refere-se a sábios ou astrólogos, provavelmente vindos da Pérsia ou Babilônia. Sua descrição vaga e origem incerta alimentaram séculos de especulações e interpretações.
A Origem dos Nomes: Melquior, Gaspar e Baltazar
Os nomes dos Magos não aparecem nas Escrituras, mas desenvolveram-se ao longo dos séculos dentro da tradição cristã. A primeira menção conhecida de seus nomes está em um manuscrito do século VI chamado Excerpta Latina Barbari, um texto em latim que compila tradições populares e apócrifas. Segundo este documento, os Magos se chamavam Melquior, Gaspar e Baltazar.
No século IX, esses nomes já eram amplamente reconhecidos na Europa e integraram-se nos textos litúrgicos e devocionais. A obra Historia Trium Regum (História dos Três Reis), escrita pelo clérigo alemão João de Hildesheim no século XIV, popularizou os nomes e atribuiu-lhes descrições detalhadas:
- Melquior: Um homem idoso com barba branca, vindo da Europa, que ofereceu ouro como símbolo da realeza de Cristo.
- Gaspar: Um jovem sem barba, originário da Ásia, que trouxe incenso para honrar a divindade de Cristo.
- Baltazar: Um homem de pele escura, da África, que apresentou mirra como sinal da humanidade e do sofrimento de Cristo.
Simbolismo e Desenvolvimento na Tradição Cristã
A atribuição de nomes e características aos Magos não foi arbitrária, mas refletia uma profunda intenção teológica. Eles representam os três continentes conhecidos na Antiguidade (Europa, Ásia e África) e destacam a universalidade da salvação trazida por Cristo para toda a humanidade. Seus presentes simbolizam os aspectos fundamentais da missão de Jesus: ouro para sua realeza, incenso para sua divindade e mirra para seu sacrifício redentor.
Além disso, sua diversidade étnica destaca que a mensagem cristã transcende as barreiras culturais e raciais. Na arte cristã medieval e renascentista, essa visão foi vividamente representada, enfatizando as diferenças de idade, aparência e origem dos Magos.
Os Nomes na Devoção Popular e Litúrgica
A devoção aos Reis Magos cresceu significativamente durante a Idade Média, em parte devido às relíquias que lhes foram atribuídas. Segundo a tradição, seus restos mortais foram transportados para a cidade de Colônia no século XII, onde ainda são venerados na catedral. Essa veneração popular ajudou a consolidar a identidade de Melquior, Gaspar e Baltazar como figuras centrais na celebração da Epifania.
Em muitas culturas, os Reis Magos tornaram-se os portadores de presentes para as crianças, especialmente na Espanha e na América Latina, onde tradições como a “Cavalcada dos Reis” e a entrega de presentes em 6 de janeiro permanecem vivas.
O Significado de Seus Nomes Hoje
Embora os nomes dos Reis Magos não provenham diretamente dos Evangelhos, sua adoção na tradição cristã possui um valor simbólico e espiritual. Eles representam a resposta da humanidade ao chamado de Deus: uma busca incessante pela verdade e pela luz. Lembrar de Melquior, Gaspar e Baltazar evoca não apenas sua jornada física até Belém, mas também nossa própria peregrinação espiritual rumo a Cristo.
Conclusão
Os nomes dos Reis Magos — Melquior, Gaspar e Baltazar — surgiram séculos após os eventos narrados no Evangelho de Mateus, mas sua integração na tradição cristã enriquece a compreensão dessa história. Além de sua origem histórica, esses nomes falam de unidade na diversidade, da busca por Deus e da humilde adoração ao Salvador do mundo.
Na festa da Epifania, enquanto meditamos sobre o mistério dos Magos, somos convidados a seguir seu exemplo: buscar a verdade com perseverança, reconhecer Cristo como Rei, Deus e Redentor, e oferecer o melhor de nós mesmos a Ele. Assim como eles, também podemos ser testemunhas da luz que transforma o mundo.