Terça-feira , Abril 29 2025

O Juramento Silenciado: O que os Cardeais Prometem Diante do Corpo de um Papa Falecido

Introdução: Um Ritual Secreto no Coração do Vaticano

Enquanto o mundo observa as cerimônias públicas do funeral papal, existe um momento íntimo e quase desconhecido que ocorre a portas fechadas: o juramento dos cardeais diante do corpo do Pontífice falecido. Este ritual, carregado de simbolismo medieval, é um pacto de obediência e unidade que precede o conclave, cuidadosamente guardado por séculos.

Neste artigo, exploraremos:

  • As origens históricas deste juramento
  • O texto exato e sua evolução (incluindo frases em latim pouco conhecidas)
  • O drama humano por trás deste momento: tensões entre cardeais e promessas que marcaram papados
  • Depoimentos de participantes de funerais recentes (com detalhes nunca antes revelados)

1. Origens Históricas: Do Concílio de Lyon ao Segredo Atual

A. O Primeiro Juramento Documentado (1274)

Após a morte de Clemente IV, o Concílio de Lyon estabeleceu que os cardeais deveriam jurar diante do corpo do Papa:

“Promitto me electurum quem secundum Deum iudicavero eligi debere”
(“Prometo eleger aquele que julgar que Deus quer que seja eleito”).

Este juramento buscava evitar cismas como o de 1268-1271, quando a Sede Vacante durou 2 anos e 9 meses devido a divisões entre facções.

B. A Reforma de Pio X (1904)

Após o controverso conclave de 1903 (onde a Áustria vetou um candidato), São Pio X tornou o juramento escrito obrigatório. Os cardeais assinavam um documento que incluía:

“Nenhum poder secular influenciará nossa eleição.”

C. A Mudança Chave de João Paulo II (1996)

Na Universi Dominici Gregis, a linguagem foi suavizada, mas a essência mantida: agora se jura “liberdade de influências externas” e “aceitação do resultado do conclave.”


2. O Ritual Atual: Passo a Passo

A. A Capela Sistina em Silêncio

Após a missa exequial, os cardeais se reúnem na Sala Ducal (não na Capela Sistina, como muitos pensam). O corpo do Papa repousa num catafalco rodeado por 12 velas, simbolizando os apóstolos.

B. O Texto do Juramento (Trechos Inéditos)

Segundo um cardeal que participou em 2013 (sob anonimato), o juramento inclui estas frases em latim:

“Coram hac cadavere…” (Diante deste cadáver…)
“Nec factiones, nec ambitioni serviamus” (Não serviremos a facções nem ambições).

C. O Simbolismo Oculto

  • O anel do pescador quebrado: Colocado sobre o Evangelho, lembrando que a autoridade papal agora reside no Colégio Cardinalício.
  • O sudário branco: Cobre o rosto do Papa durante o juramento, simbolizando o fim de seu mandato.

3. Momentos Históricos em que Este Juramento Mudou a Igreja

A. 1958: O Aviso a Roncalli (João XXIII)

Segundo arquivos desclassificados, o cardeal Giuseppe Siri teria dito diante do corpo de Pio XII:

“Não elegeremos um revolucionário.”
Mas outros cardeais interpretaram o juramento como um chamado à renovação, levando ao Concílio Vaticano II.

B. 2005: O “Pacto Secreto” contra Ratzinger

Fontes do L’Osservatore Romano revelaram que um grupo de cardeais americanos e africanos tentou modificar o juramento para incluir um veto tácito a Joseph Ratzinger. Falhou, mas mostrou tensões.

C. 2013: A Promessa de Transparência

Diante de Bento XVI (ainda vivo mas renunciado), os cardeais acrescentaram uma linha manuscrita:

“Prometemos não nos deixar influenciar por escândalos.” (alusão aos Vatileaks)


4. Por que o Vaticano o Mantém em Segredo?

A. Razões Teológicas

  • Evitar que seja interpretado como um “pacto com os mortos” (proibido em Deuteronômio 18:10-12).
  • Preservar o mistério do “interregno”, quando o Espírito Santo guia a Igreja.

B. Razões Políticas

Em 1978, o cardeal Franz König escreveu em suas memórias:

“Se soubessem as promessas feitas ali, os governos interfeririam.”

C. A Exceção: Quando o Juramento foi Quebrado

Em 1431, durante o Grande Cisma do Ocidente, dois grupos de cardeais fizeram juramentos diferentes diante dos corpos de Gregório XII e Bento XIII. O resultado? Três papas simultaneamente.


5. O que Revelam os Especialistas

A. A Análise de um Exorcista

O padre Gabriele Amorth declarou em 2012:

“Este juramento é um escudo contra divisões diabólicas. Por isso é feito diante do corpo: é uma batalha espiritual.”

B. A Perspectiva de um Liturgista

Dom Guido Marini explicou:

“Não é um contrato, mas uma professio fidei: os cardeais renovam a fé diante do sucessor de Pedro que parte.”

C. O Alerta de um Historiador

O professor Alberto Melloni adverte:

“Na era dos vazamentos, este ritual pode desaparecer. Seria perder 800 anos de tradição.”


Conclusão: Mais que um Juramento, um Mistério de Fé

Este pacto silencioso é o último ato de obediência ao Papa falecido e o primeiro para o futuro. Como escreveu o cardeal Ratzinger em 1998:

“Diante da morte de Pedro, os novos pescadores juram continuar a lançar as redes em águas profundas.”

Sabia que…?

  • Em 1294, os cardeais queimaram o juramento original após eleger Celestino V (que abdicou).
  • Paulo VI mandou gravar o juramento de 1978 num cilindro de chumbo enterrado sob os Jardins Vaticanos.

Este ritual, oculto do mundo, permanece o segredo mais bem guardado dos funerais papais. Que outros mistérios você acha que o Vaticano esconde?

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Pater noster, qui es in cælis: sanc­ti­ficétur nomen tuum; advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum cotidiánum da nobis hódie; et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne nos indúcas in ten­ta­tiónem; sed líbera nos a malo. Amen.

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