Segunda-feira , Junho 2 2025

É pecado rezar pelos animais? O ensinamento esquecido da Igreja sobre a alma dos animais de estimação

Imagine esta cena: uma criança, com lágrimas nos olhos, ajoelhada ao lado da cama, junta as mãos e pede a Deus para curar seu cachorro doente. Sua mãe, observando, se pergunta: “Será que é certo rezar pelos animais? Isso faz sentido? Ou será um erro teológico?” Essa é uma pergunta que muitos católicos fazem, mas cuja resposta foi obscurecida ao longo do tempo.

A alma dos animais: eles têm espírito ou apenas instinto?

Desde os primeiros séculos, a Igreja ensina que apenas os seres humanos possuem uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1, 26-27). São Tomás de Aquino, em sua monumental obra Suma Teológica, explica que os animais têm alma, mas não uma alma imortal como a nossa. A alma deles é sensível e perece com a morte, enquanto a nossa, dotada de razão e vontade, permanece para a eternidade.

Mas isso não significa que os animais sejam meros objetos sem valor. São Francisco de Assis, grande amante da Criação, chamava os seres vivos de “irmãozinhos”, reconhecendo neles a beleza de Deus. Na Bíblia, vemos como o Senhor cuida dos animais:

“Tua justiça é como as grandes montanhas, teus juízos são como o abismo profundo. Senhor, tu salvas tanto os homens quanto os animais.” (Salmo 36, 7)

Podemos rezar pelos animais? O equilíbrio entre fé e compaixão

Alguns cristãos acreditaram erroneamente que rezar pelos animais era um desvio teológico, mas isso não é verdade. A Igreja nos ensina que podemos pedir a Deus tudo o que é bom, e a Criação é boa (Gênesis 1, 31).

São João Paulo II, em uma audiência de 1990, afirmou que “os animais também possuem o sopro da vida recebido de Deus”. Bento XVI, em sua encíclica Caritas in Veritate, nos lembra que a maneira como tratamos os animais reflete nossa atitude moral. O Papa Francisco, em Laudato Si’, nos convida a cuidar da Criação com amor.

Portanto, rezar pelos nossos animais não é um erro, mas uma expressão de amor e gratidão a Deus, que os confiou a nós. Não rezamos pela salvação eterna deles, pois eles não têm o mesmo destino que nós, mas certamente podemos pedir por seu bem-estar e proteção nesta vida.

Os santos e sua relação com os animais

Ao longo da história, muitos santos demonstraram um profundo amor pelos animais. São Martinho de Porres mantinha um hospital para cães e gatos doentes. Santa Gertrudes de Nivelles é a padroeira dos gatos e dizia-se que protegia os felinos dos ratos e das pragas. São Filipe Néri alimentava os pássaros e conversava com eles. Como esses santos poderiam ter sido tão compassivos com os animais se Deus não se importasse com seu bem-estar?

Conclusão: Um coração piedoso que reza por toda a Criação

Não é pecado rezar por um animal; o erro seria colocar os animais acima dos seres humanos ou atribuir a eles um destino que não possuem. A oração pelos nossos animais de estimação pode ser um ato de amor e gratidão a Deus, que nos deu esses companheiros como reflexos de Sua bondade.

Portanto, se um dia você estiver ao lado do seu cão doente ou vir um animal sofrendo, não hesite em elevar uma oração a Deus. Ele é o Senhor de toda a Criação e se alegra ao nos ver agir com amor, mesmo com as menores de Suas criaturas.

Sobre catholicus

Pater noster, qui es in cælis: sanc­ti­ficétur nomen tuum; advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum cotidiánum da nobis hódie; et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne nos indúcas in ten­ta­tiónem; sed líbera nos a malo. Amen.

Veja também

Alma e Espírito: A Profunda Diferença que Todo Católico Precisa Conhecer para Viver na Graça

Num mundo acelerado, onde o materialismo e as distrações nos afastam do essencial, muitos cristãos …

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: catholicus.eu