A Profissão de Fé: Pilar Vivo da Vida Cristã

Introdução: Mais que Palavras, um Compromisso Eterno

A profissão de fé não é apenas um ato litúrgico que recitamos por hábito; é uma declaração viva, uma escolha radical que molda nossa existência. No mundo atual, onde as convicções frequentemente se diluem diante das pressões culturais e sociais, professar a fé católica é um ato de coragem e fidelidade. É como acender uma luz que não pode ser escondida, lembrando as palavras de Jesus: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5,16).


1. Raízes Históricas da Profissão de Fé

Desde os primeiros séculos do cristianismo, a profissão de fé foi uma marca distintiva da identidade cristã. Nos tempos das perseguições romanas, declarar “Jesus é o Senhor” (cf. Romanos 10,9) podia significar o martírio. As primeiras comunidades cristãs reuniam-se em segredo para proclamar o Credo, transmitindo oralmente o núcleo da fé apostólica.

Com o passar do tempo, especialmente nos Concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381), a Igreja formulou o Credo Niceno-Constantinopolitano como expressão solene e universal da fé católica. Este texto, recitado em cada Missa dominical, resume o coração da nossa crença e permanece como elo de comunhão entre os cristãos de todos os tempos e lugares.


2. Significado Teológico Profundo

A profissão de fé é, teologicamente, um ato que une a inteligência e a vontade. Não é apenas repetir fórmulas, mas aderir, com todo o nosso ser, à Verdade revelada por Deus. Santo Tomás de Aquino ensina que a fé é um ato do intelecto movido pela vontade, sob a ação da graça de Deus.

Quando dizemos “Creio”, estamos realizando um ato pessoal e eclesial: pessoal, porque cada um responde livremente ao chamado de Deus; e eclesial, porque a fé da Igreja sustenta a nossa fé individual. É um mistério de comunhão: não cremos isoladamente, mas como membros do Corpo de Cristo.


3. A Profissão de Fé Hoje: Desafio e Testemunho

No contexto contemporâneo, professar a fé católica pode enfrentar resistência e até ridicularização. Vivemos numa sociedade marcada pelo relativismo, onde afirmar a existência de uma verdade absoluta é visto, muitas vezes, como intolerância.

No entanto, é precisamente agora que a profissão de fé se torna um testemunho poderoso. Não basta crer em silêncio; somos chamados a viver e proclamar nossa fé no dia a dia: na família, no trabalho, nas redes sociais, em qualquer espaço onde nossa presença possa ser um sinal do Evangelho.


4. Dimensão Pastoral: Viver o que Se Professa

De nada adianta recitar o Credo se a nossa vida contradiz as palavras que proclamamos. A profissão de fé deve refletir-se em gestos concretos:

  • Na caridade: amando e servindo como Cristo nos ensinou.
  • Na coerência: vivendo segundo os mandamentos e ensinamentos da Igreja.
  • Na esperança: mantendo a confiança em Deus mesmo nas provações.

A fé professada é fé vivida. É por isso que São Tiago adverte: “A fé, se não tiver obras, está completamente morta” (Tiago 2,17).


5. Aplicações Práticas para o Cotidiano

  • Rezar diariamente o Credo, não apenas na Missa, mas como uma renovação pessoal do nosso compromisso com Deus.
  • Formar-se na fé, estudando o Catecismo da Igreja Católica para compreender e defender o que professamos.
  • Dar testemunho público, sem medo de manifestar nossa fé com sinais visíveis (como o sinal da cruz, imagens sagradas no lar, participação em procissões).
  • Transmitir a fé às novas gerações, ensinando às crianças não só as palavras do Credo, mas o seu significado profundo.

6. Uma Profissão que Transforma

Quando professamos a fé, algo acontece em nós: o Espírito Santo fortalece nossa alma, ilumina nosso entendimento e inflama nossa vontade. É um ato que nos enraíza mais profundamente em Cristo e nos une mais plenamente à Sua Igreja.

A profissão de fé não é um momento isolado na vida cristã, mas um fio condutor que atravessa cada etapa da nossa caminhada, desde o Batismo até a última hora da vida, quando repetiremos, como São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Timóteo 4,7).


Conclusão: Guardar e Anunciar a Fé

Hoje, mais do que nunca, o mundo precisa de cristãos que professem a fé com clareza, sem complexos e com alegria. A profissão de fé é o nosso “sim” diário a Deus, a declaração de que confiamos n’Ele e que seguimos o Seu Filho, Jesus Cristo, no seio da Igreja.

Que cada vez que recitemos o Credo, o façamos com plena consciência e ardor, sabendo que não repetimos apenas palavras antigas, mas proclamamos a Verdade que salva, a mesma que foi anunciada pelos Apóstolos, defendida pelos mártires e vivida pelos santos.

“Sede firmes, inabaláveis, progredindo sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é em vão no Senhor” (1 Coríntios 15,58).

Sobre catholicus

Pater noster, qui es in cælis: sanc­ti­ficétur nomen tuum; advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua, sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum cotidiánum da nobis hódie; et dimítte nobis débita nostra, sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne nos indúcas in ten­ta­tiónem; sed líbera nos a malo. Amen.

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